Oswaldo Cruz sobre a escolha do estilo mourisco para o Castelo da Fiocruz,
segundo testemunho de Ezequiel Dias
Muitos passam pela Avenida Brasil e fazem a pergunta: Quem construiu este Castelo? Por meio de 49 fotografias do acervo do Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz, a Exposição Virtual ‘Construção do Castelo de Manguinhos’ pretende responder a essa pergunta. Vamos narrar um pouco da história do Pavilhão Mourisco, ou Castelo da Fiocruz como ele é mais conhecido, desde a ocupação do terreno, a edificação dos primeiros laboratórios do Instituto Soroterápico Federal, o início das obras do prédio até sua conclusão.
Desde o início da década de 1980 o belo prédio está tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O Castelo é um dos raros edifícios de arquitetura mourisca que resistiram à destruição dos monumentos históricos do Rio de Janeiro, sendo destaque da arquitetura de Manguinhos.
O Pavilhão Mourisco começou a ser construído em 1905 pelo arquiteto português Luiz de Moraes Jr, com base em desenhos de Oswaldo Cruz. A origem do castelo está na boa repercussão que as atividades do Instituto Soroterápico Federal vinham tendo, e na possibilidade de Oswaldo Cruz usar as verbas da saúde pública para investir no Instituto. O projeto foi encomendado depois que Oswaldo Cruz e o arquiteto se conheceram no trem que os levava àquela remota região da cidade, enquanto o arquiteto executava reformas na Igreja da Penha.
Projetado para abrigar os laboratórios, o prédio central do campus é o maior símbolo da Fundação Oswaldo Cruz. Sua edificação no terreno de 800.000 m², na outrora fazenda de Manguinhos, aonde se chegava de trem, a cavalo ou de barco, terminaria somente em 1918.
Construído sobre uma colina, com sua frente voltada para o mar, suas paredes são em granito e tijolo. Os materiais utilizados na obra (azulejos, cimento e mármore) foram importados da Europa, de onde vinham também os operários, que eram portugueses, espanhóis e italianos. O Castelo contava com equipamentos elétricos, sistemas de telefonia, refrigeração, relógios e termômetros sofisticados. O elevador, instalado em 1909, é o mais antigo em operação na cidade. Suas paredes externas têm cor vermelha e as varandas são revestidas de azulejos portugueses. O piso apresenta mosaicos que lembram tapetes orientais. As portas são de peroba, com maçanetas de bronze. A louça dos banheiros veio da Inglaterra e as luminárias da Alemanha. A escada principal é de ferro e mármore. Duas torres com cúpulas de cobre completam o conjunto.
O estilo mourisco, inspirado no Palácio de Alhambra, em Granada (Espanha), torna-se ainda mais forte na biblioteca, onde o espaço é dividido em dois ambientes. O desenho original do prédio com dois pavimentos e duas torres foi feito pelo próprio Oswaldo Cruz e, a partir dessa ideia, o arquiteto chegou ao projeto final. Oswaldo não deixou registros sobre as razões que o levaram a escolha do estilo para o Castelo. Segundo o testemunho de Ezequiel Dias, o cientista teria dito: "porque é o mais bonito!"